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Liderança Ubuntu – condição para a inclusão e coesão sociais

Nos dias de hoje, a todo o custo, há uma luta desenfreada para se ser líder, aliás dirigente, e por via disso, todos os meios possíveis e inimagináveis são usados para atingir tal desiderato. Neste diapasão, procuramos reflectir sobre o que se espera de um líder (mais do que um simples dirigente), sobretudo, olhando para uma sociedade que vive desesperada, insatisfeita, duvidosa… como a nossa.
Ultimamente, a expressão “exclusão social” tem merecido destaque quer no âmbito científico, como político. Partindo da ideia de que cada pessoa deve ter acesso a um conjunto de sistemas sociais básicos quer ao nível social, económico, institucional e territorial, a exclusão social representa a ruptura da relação entre uma pessoa com estes sistemas, ou o seu não acesso efectivo e afectivo. As diversas dimensões da exclusão social, como a pobreza, o desemprego juvenil, a segregação político-partidária, a falta de justa e pontual remuneração… são problemas sociais complexos que precisam de respostas fundadas em abordagens multidimensionais e colaborativas. É aqui onde surge a necessidade de liderança, numa altura em que se tem mais dirigismos, e seus dirigentes, e não líderes.
As instituições históricas e sociais foram modeladas através da liderança de grandes indivíduos, sejam eles religiosos, políticos, militares, tais como Moisés, George Washington, Papa João XXIII, Mahatma Gandhi, Samora Machel, Nelson Mandela Mandela, Muammar Kaddafi, John Magufuli, entre outros. Desde o último século, o conceito de liderança tem sido objecto de incontáveis estudos, por conta da sua ausência em muitas sociedades. Syroit (1996) apresenta a liderança como um conjunto de actividades exercidas por um sujeito detentor de uma posição hierarquicamente superior, direcionadas para a condução e orientação das actividades dos outros sujeitos, com o propósito de atingir eficazmente o objectivo do grupo. Partindo desta definição pode-se aferir que liderança requer um líder, cujas habilidades são, por exemplo: a capacidade de influência, a boa conduta ética e moral, a capacidade de criar consensos e a capacidade comunicativa.
É daí que nos propusemos trazer à tona a filosofia Ubuntu, que significa “ser é ser-com-os outros”, isto é, sou na medida em que participo, e não apenas quando aplico o princípio cartesiano: Cogito, ergo sum. Portanto, Ubuntu quer dizer: partilha, solidariedade, sobriedade, confiança, respeito, cuidado mútuo, empatia… Ou seja, na gramática da liderança-servidora Ubuntu, há um processo de auto-realização através dos outros.
Para a filosofia Ubuntu, ser humano significa afirmar a humanidade própria através do reconhecimento da humanidade dos outros e estabelecer relações humanas solidárias. Isto significa que, por um lado, o ser humano individual é o sujeito, e por outro, que este é humano no contexto das relações reais com os outros seres. Ou seja, não se assenta nem na lógica do indivíduo, per se, nem na superioridade do grupo em relação ao indivíduo (superioridade do sistema), mas, antes, na relação inacabada e em constante transformação entre ambos. Ubuntu torna-se, assim, um conceito de ser humano e de humanização intrinsecamente ligado à liderança servidora.
Portanto, um líder-servidor é um líder ao serviço da humanidade. Enquanto líder-servidor, tem presente cada pessoa com quem se cruza em todos os momentos. Ele sente, ouve, interage com todos e faz com que todos se sintam únicos numa colectividade que se chama sociedade. A centralidade nas pessoas (e não nos coisas) é a grande distinção de um líder-servidor ubuntu. A liderança-servidora ubuntu assenta, assim, na capacidade de gerar consensos e na vontade colectiva de procura de soluções para problemas concretos da sociedade, para que todas as pessoas (e não apenas grupo/s privilegiado/s, elite…) se sintam bem (incluídas/inclusas), pois Deus se humanizou (veio ao mundo) para que que todos (e não alguns) tenham vida e a tenha em abundância (Jo. 10, 10).
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