SOCIEDADE
Nas Escolas Secundárias em Nampula – Consumo e venda de droga ganha contornos assustadores

Dos cerca de 4800 casos de consumo de drogas registados em Nampula no ano passado, pelo menos 2500 foram encaminhados ao Hospital Psiquiátrico para cuidados intensivos de saúde.
O consumo e venda de drogas envolvendo alunos um pouco por todas as escolas secundárias da cidade de Nampula, já está a ganhar contornos assustadores. Muito recentemente um dos alunos supostamente tomado pelos efeitos de drogas agrediu o ditrector pedagógico, na Escola Secundária 12 de Outubro localizada arredores da cidade de Nampula, quando este pretendia impor ordens de acordo com o regulamento em uso naquele estabelecimento de ensino.
Aliás, a situação em causa é descrita como sendo preocupante se se tiver em conta a frequência com que acontece. O seu controle ultrapassa as capacidades dos gestores das escolas. Alguns alunos que pediram a condição de anonimato referiram que as drogas são introduzidas nas escolas maioritariamente pelos próprios alunos sobretudo as do sexo feminino vulgarmente apelidadas por “Andorinha”, instrumentalizadas por terceiros. “as drogas entram nas escolas através nossas colegas, e são alunas bem identificadas, algumas até conhecidas pelas direcções. estas são protegidas pelos seus amigos, muitos deles associados ao mundo do crime, o que nos dá medo em denuncia-las”, disse um estudante da Escola Secundária de Nampula, que por temer represálias , pediu anonimato.
A situação é igualmente apontada deplorável por alguns pais e encarregados de educação que exigem uma reflexão muito mais aprofundada, envolvendo os alunos, professores, entre outros actores da sociedade viradas ao apoio do sistema de educação.
Carlos Alberto e José João são pais e encarregados de educação e os seus educandos estudam na Escola Secundária de Nampula, e descrevem como lamentável o consumo de drogas nas escolas. Estes disseram ao Rigor que não tem sido fácil controlar se os filhos estão ou não envolvidos no consumo de drogas porque, como argumentam, quando saem de casa, assim como ao regresso, não apresentam indícios. Mas referiram que a influência de colegas é determinante para este tipo de comportamentos.
A preocupação também foi partilhada por alguns gestores escolares que apelam para a necessidade de envolvimento de todos que fazem parte da comunidade escolar, com vista a conter o mencionado cenário descrito como preocupante. “Quando entramos nas salas de aulas para cumprir o nosso dever, há vezes que ficamos com medo dos alunos, porque podem até portar armas brancas nas suas sacolas e por qualquer descuido , podem nos esfaquear”, revelou um dos gestores da escola Secundária de Nampula, que acrescentou, contudo, que mesmo com a criação dos núcleos antidrogas nas escolas, a circulação destes produtos nocivos continua em alta.
O gestor em alusão que não quis dar a cara por alegada falta de autorização para falar a imprensa pelos superiores hierárquicos denunciou que o actual quadro referente as drogas nos estabelecimentos de ensino já estão a se associar à criminalidade e prostituição. “As nossas escolas nos dias que correm viraram locais de actos imorais e que poderão comprometer as futuras gerações”.
Para André Jana, secretário Provincial da Organização Nacional de Professores (ONP) em Nampula, o actual cenário de consumo de drogas nas escolas é lastimoso. Em contacto com o Rigor afirmou tratar-se de um problema que afecta as escolas na sua generalidade e que a instituição que dirige tratou de informar ao governador da província, assim como o Secretário de Estado. “Por exemplo na Escola Secundário de Muatala, foi nos reportado que por efeitos das drogas há alunos que não entram nas salas de aula, vão às escolas para arrancarem sacolas, sapatos, telemóveis aos seus colegas”.
“Precisamos de um sistema de controlo, quando um aluno é expulso numa determinada escolas, deve haver um seguimento para as medidas administrativas tomadas tenham efeitos, e que não possa ter acesso a matrícula em nenhuma outra escola antes de cumprir com os três anos fora das escolas”, disse e defendeu sobre a necessidade de circulação de informação entre as escolas.
Por seu turno, a directora do Gabinete Provincial de Combate à Droga de Nampula, Isabel Sanfins Alberto, diz que o consumo de produtos psicoativos é preocupante, e em coordenação com vários sectores, a sua instituição continua a priorizar palestras nas escolas, nomeadamente secundárias públicas, privadas assim como as universidades. Aliás, lançou um apelo para que a sua luta tenha o envolvimento de toda a sociedade, desencorajando através de denúncias aos vendedores. “ Todas as escolas têm núcleos antidrogas, e temos vindo a beneficiar de vários treinamentos, e estes por seu turno, fazem réplicas nas escolas. Sabe-se que não é tarefa fácil porque correm vários riscos devido a denúncias, mas asseguramos a protecção deles”, anotou.
A nossa interlocutora precisou que, só ano passado, dos 4800 casos de consumo de drogas registados em Nampula, pelo menos 2500 foram encaminhados ao hospital psiquiátrico para cuidados intensivos de saúde.
Por outro lado, fez saber que do trabalho em curso, pelo menos 120 jovens abandonaram o mundo das drogas. De acordo ainda com a nossa entrevistada, além da capital provincial, os distritos de Nacala-Porto, Angoche, Moma, Murrupula, Ribáuè e Ilha de Moçambique são os que registam maior circulação de vários tipos de drogas.
Júlio Paulino
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